Reunidos na Câmara de Trumpkin, estavam nobres, mestres de tradição, sábios, anciões, comandantes dentre bravos anões que lá se mantinham sentados em um momento tão triste para seu povo e para si próprios. Todos sentados em cadeiras ao redor de uma enorme mesa redonda feita de pedra, outros mantinham-se de pé, outros sentados em cadeiras de madeira, bancos ou em cima de outras pequenas mesas para a reunião. Foi um anão de longa barba em antigo tom laranja, chamado Dwalin Fundinul, um dos nobres, do Clã de Durin, que se ergueu exclamando para dar abertura primordial da reunião:
- Gostaria de cumprimentar a todos os que puderam vir para esta reunião em ocasião tão tenebrosa e cruel com todos nós. Nossa Mansão, nosso lar, nosso povo... jazem em dor e tristezas incomensuráveis em todas as partes. A perda do Pai Imortal, Durin I foi terrível. Mas nós que estamos encarregados em cuidar de nosso povo, devemos olhar adiante para nós e eles, e vermos agora quem nós escolheremos para ser o próximo a ocupar o trono vazio de Khazad-dûm.
Houve inquietação, cochichos e comentários tenebrosos e indecifráveis pelos membros da reunião, apenas um respondeu em tom alto, parente de Múar ou Thélor:
- A coroa deveria passar para um Pai vivo! Pois ainda restam três vivos! Um deles deveria ser nosso Rei!
Os cochichos aumentaram em tom, alguns falavam a favor, diante da forma como enxergavam suas dores, outros falavam contra porém sem solução plausível para o problema. Enquanto estes discutiam entre si, em uma explosão Múar I, bateu com o punho fechado na mesa. Atraindo tanto atenção como também silêncio para ser ouvido, erguendo-se ele respondeu bravamente olhando de um lado para o outro:
- Nossa lei não funcionava desta maneira! Nunca funcionou e não funcionará! Ele era o Pai, nós seus filhos... agora ele se foi. Como a lei é, será de pai para filho, e seu filho de sangue deve ser o próximo Rei de acordo com as nossas leis! - quando assimilariam mais cochichos entre si, ele prosseguiu em tom firme. -Ou alguém aqui ousa discordar da nossa lei?
Total silêncio dominou toda a câmara, nenhum teria a audácia de responder tal questão, ainda mais para um Pai de um povo guerreiro, pois Múar era sério, porém em irá era levado pela loucura do ódio e gosto por batalhar, apenas um então perguntou:
- Então qual deles deve ser nomeado próximo Rei?
E antes mesmo que Múar pudesse responder, foi Druín que respondeu de sua cadeira, já curvado, cego e um tanto sem audição, respondeu em voz baixa com um tom gutural:
- Ao mais velho... aquele que porta o nome do Pai, Durin II seu filho.
Nisso nenhum pode responder, pois parecia que a resposta havia agradado a todos, pelo menos a questão aparentou resolvida e o assunto finalizado, apenas alguns responderam em resposta para o assunto:
- Que assim seja.
Quando então Balin Fundinul, dos anões um dos mais respeitados por ser um grande mestre de tradição se ergueu e respondeu em tom de voz calma:
- Então... o destino de nosso povo agora jaz em tuas mãos Durin II, filho do Imortal. E qual é vossa decisão? Aceitas esta graça, este fardo, este dever?
E foi Durin II que se ergueu a mesa, com suas vestimentas rubras, seu semblante sereno e a luz de seu pai em seu olhar, com sua voz humilde e calma ele respondeu:
- Eu aceito.
Os anões se ergueram o saudando em maior louvor, quando o mesmo ergueu seu braço exclamando para o Conselho:
- Amanhã faremos a coroação, e anunciaremos ao povo nossa decisão. Hoje, descansemos, pois mesmo conversas e discussões ainda mais como estas... nos sobrecarregam tanto mentalmente quanto emocionalmente. Descansemos, em sono profundo para o amanhã. E amanhã, o Reinado se erguerá.
Dali todos ousaram se retirar para sono profundo, algo que o fizeram. O único que não durmiria era Nirud, irmão de Durin II que em seu íntimo cultivava amargura por seu irmão que logo se ergueria majestosa como a Montanha em forma de raiva, com suas raízes bem fincadas ao ódio e profundas trevas.